Introdução
Viver da indústria alimentícia no Brasil é conviver com um ambiente em que estabilidade raramente é garantida. O setor é extenso, vital para a economia nacional e, claro, sensível a quase tudo: clima, política, câmbio, cadeias logísticas e sentimentos do consumidor.
Nos últimos anos, o desafio de garantir margens positivas cresceu. Pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI) revela que 71% das empresas industriais brasileiras perceberam uma alta inesperada nos preços de insumos em março de 2025. Não foi por acaso: a guerra no leste europeu, o clima cada vez mais imprevisível e gargalos logísticos globais embaralharam o tabuleiro que, até pouco tempo, parecia mais compreensível.
Em um setor de margens habitualmente apertadas, oscilações abruptas no custo das matérias-primas são uma verdadeira ameaça à sobrevivência competitiva. Negócios saudáveis vão ao vermelho quando surpresas negativas acontecem.
"A estabilidade de custos nunca dura para sempre."
O profissional responsável por compras ou planejamento financeiro sente na pele a série de decisões complexas para manter previsibilidade, sem perder oportunidades de ganho. Estratégias eficientes de proteção contra oscilações, planejamento de aquisições e o uso de instrumentos financeiros adequados tornaram-se essenciais. E, nesse cenário, quem entende de forte análise quantitativa, como a equipe da STATERRA, abre caminhos para transformar volatilidade em resultado.
Mapeamento de riscos setoriais
Matéria-prima na indústria alimentícia é o coração do negócio. A lista principal muda pouco: soja e derivados, milho, trigo, açúcar, óleos vegetais, carnes, leite e insumos que vêm de fora, principalmente dólar-dependentes.
- Grãos e cereais – milho, trigo, arroz, cevada
- Açúcar e adoçantes – vários tipos
- Óleos e gorduras – soja, palma, girassol
- Proteínas – carnes bovina, suína, frango, proteína vegetal e leite
O Brasil colheu, na safra 2024/25, cerca de 128,2 milhões de toneladas de milho. Um recorde, segundo o monitoramento de preços da ABIA, que provocou, inclusive, queda de 12,4% no preço interno do grão em maio de 2025. Mas, ao mesmo tempo, o preço do trigo caiu menos no ano, puxado principalmente por fatores climáticos e uma menor área de plantio, de acordo com dados levantados pela ABIA.
Aqui, há um cruzamento complexo de riscos:
- Sazonalidade e ciclos: As safras nem sempre respeitam o cronograma. Chuvas em excesso, secas severas e pragas mexem nos preços. Às vezes, uma região vai bem; outra, não entrega. O resultado: menor previsibilidade.
- Correlações entre insumos: Soja e milho, por exemplo, têm preços que muitas vezes caminham juntos porque compartilham parte da cadeia produtiva (ração animal). Quando um sobe, o outro pode acompanhar… ou não.
- Câmbio: Para quem compra ou vende no exterior é impossível ignorar. Insumos como trigo, óleo de palma e fórmulas importadas sentem na pele a volatilidade do dólar. Tudo pode mudar de uma semana para outra.
- Pressões específicas do setor: Surpresas do lado da oferta e demanda. Um embargo em determinado país exportador, uma nova regulação sanitária ou, claro, conflitos militares, tudo interfere diretamente.
"Proteger seus custos é também entender de onde o risco realmente vem."
As empresas que se destacam, investem tempo e tecnologia no mapeamento desses riscos. Identificam relações pouco óbvias entre commodities, constroem cenários para variações abruptas e, muitas vezes, compartilham esse entendimento com suas equipes e clientes, como é habitual na publicações técnicas da Staterra.

Estratégias de hedge por categoria de insumo
Grãos e cereais
Quem depende fortemente de milho, trigo e arroz vive alternando entre preocupação e alívio. Quando a oferta aumenta, como ocorreu nesta última safra de milho, o preço tende a ceder (dados ABIA). O problema é quando a próxima safra traz incertezas climáticas ou reduz a área plantada, como aconteceu com o trigo no Paraná este ano.
- Contratos futuros: Permitem garantir hoje o preço para entrega no futuro, protegendo a margem mesmo que o mercado vire inesperadamente.
- Opções: Para quem teme perder uma vantagem caso o preço caia ainda mais, opções podem travar um piso ou um teto de preço, com pequena flexibilidade para aproveitar movimentos favoráveis.
- Estratégias integradas: Talvez o melhor cenário seja combinar instrumentos, variando a exposição conforme o apetite ao risco e o orçamento disponível.
Óleos e gorduras
Os preços de soja, palma e girassol são voláteis, e todas são bastante expostas ao mercado externo. Produtos que dependem de soja, por exemplo, sentem tanto as oscilações internas quanto o dólar, o que obriga empresas a calcular a compra e proteção em dois mercados diferentes.
- Hedge cruzado: Muitas empresas utilizam contratos vinculados ao preço internacional, em paralelo ao dólar, criando proteção contra dupla volatilidade.
- Ferramentas personalizadas: Produtos financeiros sob medida podem ser construídos, algo oferecido por gestores com perfil quantitativo avançado, como observado na abordagem da Staterra.
Açúcar e adoçantes
Alto consumo interno, influência das exportações e clima sempre criam variações. Hedging é fundamental para evitar surpresas desagradáveis na hora de fechar contratos de fornecimento de produtos doces.
- Contratos de entrega futura para açúcar refinado ou VHP (bruto)
- Opções para adoçantes alternativos, como HFCS (xarope de milho)
- Acompanhamento de índices globais para adaptar os momentos de entrada
Proteínas animal e vegetal
O desafio é duplo: além do custo direto da carne ou proteína vegetal, a alimentação animal (baseada em milho e soja) faz com que o risco seja entendido desde o início da cadeia.
- Hedge indireto: Comprar contratos atrelados ao preço de farelo de soja e milho para reduzir o risco de explosão nos custos de ração.
- Travamento de preços para proteína animal com base em projeção de safra x consumo
Insumos importados e hedge cambial
Qualquer oscilação na moeda estrangeira afeta quem traz insumos de fora para dentro. Aqui, não há escolha: a proteção cambial precisa ser constante. Contratos de câmbio a termo, swaps, ou até mesmo a importação antecipada podem proteger os contratos mais vulneráveis.
"O que dói mesmo é ver custos dobrando de uma hora pra outra por conta do câmbio."
Vale lembrar que, em um ambiente globalizado, estratégias integradas entre hedge cambial e proteção do insumo em si são cada vez mais comuns. E, quando bem implementadas, trazem estabilidade para o planejamento financeiro dos meses seguintes.
Para reforçar a orientação setorial, a equipe multidisciplinar da Staterrra oferece soluções baseadas tanto em experiência internacional quanto no conhecimento minucioso do mercado brasileiro de derivativos agropecuários.

Timing e estratégias de compra
Análise de sazonalidade
Comprar bem não é só negociar preço: é, principalmente, planejar o momento exato da compra. A análise de sazonalidade é aliada no processo decisório, há períodos em que a tendência histórica aponta para preços baixos, enquanto outros trazem risco elevado de estouro nas cotações.
Empresas que estudam o histórico conseguem ajustar, mês a mês, as compras: antecipam volumes em períodos de colheita e reduzem aquisições em épocas de escassez, atitude que ajuda muito no controle de custos, como observado em relatórios de variação de preços do IBGE.
- Negociação de compras spot para ajustar rapidamente à janela de oportunidade
- Compra programada, baseando-se em análise de safras passadas
- Utilização de instrumentos derivativos para proteger contratos antes da entrega
Hedge de estoque físico
Manter um estoque físico pode proteger contra surpresas negativas em períodos de escassez. O desafio, claro, é gerenciar o capital de giro, logística e possível deterioração. Estratégias de hedge financeiro e físico, combinadas, são poderosas.
"Ter produto em estoque é valioso, mas custa caro e exige decisão certeira na hora da compra."
Contratos de fornecimento com proteção
Negociar contratos de fornecimento de médio/longo prazo com cláusulas de reajuste vinculadas a índices de preço, ou usando instrumentos de hedge, proporciona uma camada adicional de proteção.
- Contratos flexíveis, com faixas de reajuste baseadas em índices do setor
- Confiança no parceiro: fornecedores estáveis aceitam negociar proteções mútuas
- Opções adicionais de renegociação diante de eventos extraordinários
O segredo, muitas vezes, está em combinar métodos e calibrar estratégias, nem sempre iguais de um insumo para outro. Flexibilidade, adaptabilidade e acompanhamento constante do cenário fazem toda a diferença.

Cases práticos por segmento
Indústria de panificação
O pão na mesa depende, principalmente, do trigo, que costuma sofrer com volatilidade climática e impactos globais. Panificadoras nacionais, sejam artesanais ou grandes redes, apostam na proteção antecipada de lotes de trigo e açúcar. Além dos contratos futuros, muitas empresas segmentam compras conforme a produtividade de regiões agrícolas específicas, reduzindo o risco atrelado à oferta local (dados ABIA).
Processamento de carnes
Aqui, o segredo está em proteger a cadeia como um todo: ração, proteína animal e custos logísticos. Proteger só o preço da carne não basta, travar preço da soja e do milho usados na ração reduz a volatilidade na linha final e permite oferecer contratos de fornecimento mais competitivos.
Óleos e derivados
Indústrias de óleo vegetal, como soja, usam hedge integrado: travam preço tanto do grão quanto do óleo refinado. Isso impede que, ao conseguir um bom preço na compra da soja, percam margem no momento de vender o óleo acabado.
Laticínios
Produtores de leite e derivados, talvez mais expostos às oscilações de custo, precisam agir rápido diante de períodos de alta. Proteger custos do milho (ração) e negociar contratos de fornecimento antecipados mantém as margens viáveis mesmo em ciclos de alta nos insumos.
A equipe técnica da Staterrra acompanha segmentos diversos, sempre avaliando com profundidade a relação risco versus benefício de cada estratégia. O objetivo é sempre medir, reavaliar e adaptar, afinal, nesse setor, o inesperado é, paradoxalmente, rotina.
Ferramentas de gestão e monitoramento
Nenhuma estratégia é realmente eficiente se não for acompanhada de bons sistemas de acompanhamento. Monitorar preços, ajustar estratégias e avaliar a performance do hedge são etapas que precisam de ferramentas práticas e confiáveis.
- Dashboards online para atualização em tempo real dos principais índices de preço
- Alertas de variação repentina em commodities agrícolas e câmbio
- Relatórios gerenciais comparando performance do hedge com o histórico não protegido
- Cálculo automático de impactos na margem
- Indicadores exclusivos para planejamento de compras e vendas
Empresas com maturidade nesse processo conseguem antecipar ajustes e evitar surpresas negativas recorrentes. A equipe da Staterra investe continuamente em tecnologia de informação, sempre atenta às mudanças rápidas do mercado.
"Monitorar seus resultados é tão relevante quanto planejar a proteção."
E, talvez, aqui seja o ponto mais negligenciado na maioria das empresas. Quem faz o monitoramento contínuo aprende rápido, corrige desvios e suporta ciclos adversos com muito mais tranquilidade.
Conclusão
Garantir previsibilidade em custos nunca foi tarefa simples, ainda mais em meio a tantas variáveis externas. O setor alimentício brasileiro, embora resiliente, precisa de estratégia, agilidade e ousadia para equilibrar risco e resultado.
Não existe fórmula mágica, mas há um conjunto de boas práticas, instrumentos e ferramentas que tornam possível transformar volatilidade em vantagem competitiva. Empresas que investem tempo e inteligência nesse processo conseguem proteger margens, negociar contratos mais seguros e, principalmente, construir confiança para períodos de maior instabilidade.
A STATERRA acredita que o caminho passa por uma combinação de análise quantitativa, experiência internacional e diálogo aberto com produtores, processadores e investidores. Aproveite, inicie uma conversa conosco e descubra como podemos, juntos, pensar estratégias de proteção e crescimento sob medida para o seu negócio. O próximo passo pode ser o mais seguro, e lucrativo.
Perguntas frequentes sobre proteção de custos de matéria-prima
O que significa proteger custos de matéria-prima?
Proteger custos de matéria-prima é o processo em que empresas buscam garantir que o preço pago por insumos importantes não suba de forma inesperada. Isso pode ser feito usando contratos futuros, opções ou negociando cláusulas especiais com fornecedores. O objetivo é evitar surpresas desagradáveis e manter a previsibilidade das margens, mesmo quando o mercado apresenta variações grandes e inesperadas.
Como controlar variações no preço da matéria-prima?
O controle sobre as variações começa com um bom mapeamento dos riscos, análise sazonal dos insumos e acompanhamento constante do cenário. É possível incrementar esse controle com estratégias de hedge utilizando contratos futuros, opções ou proteção cambial. Também é recomendável negociar contratos flexíveis com fornecedores e manter sistemas de monitoramento de preços que alertam sobre mudanças importantes.
Vale a pena usar contratos futuros de compra?
Em geral, sim, especialmente quando o risco de alta nos preços pode inviabilizar o negócio. Contratos futuros trazem segurança sobre o valor que será pago no futuro, mesmo que haja uma disparada dos preços. Contudo, é preciso entender bem os detalhes desses contratos e considerar situações em que o preço caia além do esperado. Muitas empresas, por isso, combinam contratos futuros com outras estratégias de proteção.
Quais melhores estratégias para reduzir custos?
Algumas das melhores estratégias incluem: (1) identificar o período histórico de preços mais baixos para programar compras; (2) negociar contratos longos e flexíveis com cláusulas de reajuste bem estruturadas; (3) usar hedge financeiro ou físico, aproveitando instrumentos derivados; (4) monitorar continuamente indicadores e ajustar políticas internas conforme a conjuntura. A chave está em combinar ferramentas, nunca depender só de uma abordagem.
Como prever aumentos nos preços das matérias-primas?
Não existe uma fórmula exata, mas é possível se antecipar usando informações de mercado, relatórios agrícolas, tendências climáticas, dados sazonais, análise de oferta e demanda global e acompanhamento de política internacional. Sistemas avançados de monitoramento e softwares de análise quantitativa – recursos que a STATERRA domina – ajudam muito a interpretar sinais que antecedem aumentos.