Gráfico de variação cambial com moedas de diferentes países e indicadores financeiros ao fundo

Você já deve ter sentido. O dólar mexe no preço do seu insumo, no custo do frete, no balanço, no humor do investidor. Às vezes, parece abstrato. Até que a fatura chega. E chega grande. Risco cambial não é um tema distante. Ele atravessa a rua com você, entra no seu negócio e senta na sua mesa.

Moeda é risco, não opinião.

Nosso time na STATERRA vê, no dia a dia, como oscilações do câmbio podem transformar um plano que parecia sólido em um labirinto de decisões difíceis. Não é exagero. É prática. O câmbio toca margens, prazos, garantia, fluxo de caixa. Se você vende em reais e compra em dólares, ou contrata dívida lá fora, sabe bem. Se exporta, também. Quando a taxa se move rápido, as conversas mudam de tom.

Por que o câmbio mexe com tudo

O câmbio é preço de dinheiro entre países. Quando ele sobe, passivos em moeda estrangeira crescem em reais, e importações ficam mais caras. Quando cai, pode aliviar custos, mas também reduzir receita em reais para quem exporta. Em ambos os casos, a volatilidade é o problema. Ela cria incerteza, trava decisões e, às vezes, encarece capital.

Os números recentes contam uma história direta. Um estudo da consultoria Elos Ayta mostra que quase 40% da dívida bruta de 102 companhias abertas no Brasil está em moeda estrangeira. Com dólar mais alto e juros maiores, o endividamento pode subir R$ 39 bilhões, o que equivale a 53,2% do EBIT do terceiro trimestre de 2024. Outra fotografia vem de análise de Einar Rivero: no primeiro trimestre de 2024, R$ 295 bilhões das dívidas eram em moeda estrangeira, e a valorização do dólar no segundo trimestre elevou esse valor para R$ 328,3 bilhões, gerando R$ 33,2 bilhões a mais em despesa financeira. Isso comeu 62,5% do EBIT.

O efeito dominó na empresa e na pessoa física

Importadores veem margens apertarem. Exportadores, por vezes, ganham em receita em reais, mas com volatilidade que atrapalha o planejamento. Há também gargalos. Segundo estudo da Logcomex, a imprevisibilidade cambial reduziu margens e agravou problemas logísticos. No agro, o valor exportado entre janeiro e outubro de 2024 caiu 10,2% frente a 2023, somando US$ 68,52 bilhões. Para quem tem dívida em dólar, cada pico vira uma linha a mais no quadro de despesas financeiras.

Até pessoas físicas sentem. Quem planeja viajar, estudar fora ou comprar equipamento importado aprende na prática que um orçamento sem folga cambial é um convite ao estresse. Já vi planilhas que pareciam perfeitas, até o câmbio sair da faixa que “todo mundo” esperava.

Gráfico do dólar subindo e fábrica ao fundo. O hedge ajuda, mas tem preço

Proteger o câmbio custa. Em cenários de juros futuros em alta, esse custo sobe. O que aconteceu recentemente confirma isso. Como relata o InfoMoney, empresas correram para aumentar suas proteções, só que a alta de juros encareceu as operações. Ou seja, quem não se protege sofre com a variação. Quem se protege paga um prêmio maior. É um equilíbrio, e precisa de técnica.

Na STATERRA, a abordagem é simples de explicar, mas trabalhosa na execução. Identificar o risco real, medir a exposição, simular choques e, então, escolher instrumentos. Nada sofisticado no discurso. A sofisticação fica nos detalhes do cálculo e no ajuste fino das posições. É aí que a matemática encontra o bom senso.

Erros comuns que agravam o câmbio

  • Proteger o valor errado, como hedgear faturamento e esquecer o custo atrelado ao mesmo câmbio.
  • Hedgear de menos, confiando em uma faixa de preço “provável”.
  • Hedgear de mais, travando além do necessário e perdendo flexibilidade.
  • Ignorar o prazo, o caixa e o calendário de pagamentos.
  • Subestimar garantias e ajustes diários, que apertam o caixa.

Parece básico. Mesmo assim, acontece bastante. Talvez por excesso de pressa. Ou por apego a um cenário só.

Caminhos práticos de proteção

Cada negócio pede uma solução. Ainda assim, há boas práticas que funcionam em muitos casos:

  • Natural hedge, casando receitas e despesas na mesma moeda, sempre que possível.
  • Contratos a termo e NDFs para travar taxas futuras com prazos alinhados ao fluxo.
  • Opções para limitar perdas e manter alguma participação na alta ou na queda, com custo explícito.
  • Política de preços com bandas de câmbio, evitando repasses abruptos ao cliente.
  • Caixa em moeda estrangeira quando a operação permite, reduzindo conversões desnecessárias.
  • Testes de estresse, medindo impacto de choques, inclusive combinados com juros e commodities.

O ponto é montar um desenho que resista a semanas ruins. Não perfeito, apenas robusto o suficiente. É aqui que uma gestão ativa, como a da STATERRA em carteiras administradas e estratégias com derivativos, pode fazer diferença no dia a dia do investidor qualificado e do gestor financeiro da empresa.

Mesa com telas de câmbio e relatórios de hedge. Um pequeno roteiro de decisão

  1. Mapeie a exposição líquida por moeda e por mês. Receita menos custo, ativo menos passivo.
  2. Defina metas de proteção por faixa de prazo, com tolerância clara.
  3. Escolha instrumentos compatíveis com seu caixa e sua necessidade de flexibilidade.
  4. Implemente em etapas, com janelas de revisão predefinidas.
  5. Monitore diariamente. Ajuste quando a realidade mudar, não por impulso.

Se parecer demais, quebre em pedaços. A disciplina pesa menos quando vira rotina. E, com o tempo, o câmbio passa de ameaça para variável controlada. Nunca perfeita, mas controlada o suficiente para você seguir produzindo, vendendo e investindo.

Conclusão

Ignorar o risco cambial é apostar que o futuro vai obedecer ao seu plano. Ele não obedece. Com um processo simples, instrumentos bem escolhidos e métricas transparentes, dá para reduzir sustos e proteger margem, caixa e metas. A STATERRA atua justamente nisso, combinando gestão de risco com estratégias de derivativos e carteiras administradas para quem busca proteção e, quando fizer sentido, rendimento com disciplina. Quer conversar sobre o seu caso, pessoa física ou empresa, exportador, importador ou investidor qualificado? Fale com a equipe, tire dúvidas e veja como uma política cambial pode trazer paz de espírito já no próximo trimestre.

Proteção não é luxo. É sobrevivência.

Perguntas frequentes

O que é risco cambial?

Risco cambial é a possibilidade de perdas quando a taxa de câmbio se move contra sua posição. Se você tem custos ou dívidas em moeda estrangeira, uma alta do dólar encarece tudo em reais. Se exporta e o dólar cai, sua receita em reais diminui.

Como proteger meus investimentos do câmbio?

Você pode casar fluxos na mesma moeda, usar contratos a termo ou NDFs para travar taxas, e opções para limitar perdas sem abrir mão de todos os ganhos. O ideal é definir metas de hedge por prazo e revisar periodicamente, de forma disciplinada.

Vale a pena investir ignorando o câmbio?

Na prática, não. Ignorar o câmbio funciona até o primeiro choque. Uma política mínima de proteção, mesmo parcial, costuma preservar margem e caixa. O custo do hedge existe, mas tende a ser menor que o custo de um estresse sem proteção.

Quais ativos são mais afetados pelo câmbio?

Empresas com dívida em moeda estrangeira, importadoras de insumos e exportadoras. Também sofrem setores ligados a commodities, logística internacional e turismo. Fundos e ações expostos ao dólar reagem rápido às variações diárias.

Como calcular o impacto do câmbio?

Mapeie receitas, custos, ativos e passivos por moeda e por mês. Simule variações da taxa, como choques de 5%, 10% e 20%, e estime efeito na margem e no caixa. Inclua garantias, prazos e juros. Testes de estresse ajudam a decidir o nível de hedge.

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